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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Sem Título 002


Poesias e devaneios de uma mente sem memórias,
Arquétipos pré-escritos em roteiros da história
De homens e macacos, andando lado a lado
Sem perder a emoção do raciocínio exato.
Crêem na Evolução, Divina por si só.
Delírios e ilusão, escritas por nós,
Mãos calejadas de luxúria e desejo
Ó céus, ate aonde vai?
A capacidade humana de tirar e por palavras
Em um labirinto histórico, no qual, 
Somente a verdade nunca sai

Primeiro Passo

O que fazer quando não lhe resta mais nada alem do medo, e a ansiedade de ser o corrói por dentro,trazendo-lhe uma tristeza em saber que seus anseios jamais serão concretizados. Seus sonhos não passam de um estado de dormência do corpo e ilusão mental.Por que? Me pergunto sem resposta. Abandonando meu estado incoerente de ser, inerte ao mundo ao meu redor, sei que sou a resposta e a cura para a doença emocional que me impede de ser.Mas o que fazer quando não se há coragem para encarar essa batalha e a insegurança me diz que sempre irei perder!

Sem título 001


Sozinho pela madrugada
minha cama metade vazia
num desespero prospero
ao dizer : "sozinho estarás,
pelo resto de sua vida"
Como discordar
se me faltam argumentos
para que o contrario
eu possa provar!

Arena G

Sendo aquilo que não sou
Sabendo até o que não sei
Surgindo das cinzas
Ao fogo retornarei
Nem poesia, nem canção
Sou tudo por natureza
E nada por opção.

O dia à Vida

Emocionalmente Obeso
Alimento minh'alma
Amores e amantes
Solitáriamente Enfastiado
Cresço fisicamente
Envergo ao vento
Sob um pessegueiro
Anoiteço ao crepúsculo
Melódico e sutil

Siddharta

Falhas geológicas transversais
Afetam meu ser paralelo
Transgredindo a poesia milenar
Elimino meu ego
Desejando assim não desejar
Escolho não escolher
Corro sem pensar
Vivo sem morrer

Baseado Burocrático

O sol estava se pondo, Dirceu ainda trabalhava, corria pra lá e pra cá. Apenas a leve brisa do estresse lhe fazia companhia. A coluna burocrática de papel apenas crescia, cada segundo mais e mais. Seu dever era resolver tudo, o mais rápido possível, mas havia tantas folhas que Dirceu conseguiria embrulhar sua vida inteira ali.
Uma gota de suor escorre de sua testa, chega perto de seu olho, mas desvia e desliza por sua bochecha, agora avermelhada. Afrouxa o nó da gravata, enxuga a testa com a manga da camisa branco-amarelado, resmunga o ar condicionado quebrado.Mas a essa altura do campeonato, brigar não adianta. Não adianta, mas alivia.
Tic-tac, o relógio o avisava. Mesmo não querendo ele ouvia, mesmo não querendo ele estava ali, seu futuro dependia disso, sua vida, sua carreira. As palavras do relógio começavam a crescer, invadir sua mente. Havia apenas um relógio, mas pareciam sete, oito, dez.Tic-tac-tac-tic. Cada vez mais, mais e mais.
Polaco, Dirceu mudara de cor, de branco passou a rosa. Seus olhos vermelhos de sangue se perdiam em meio às montanhas de celulose. Árvores e árvores, cortadas, despedaçadas, e para que?- ele se perguntava.
O que fazer? Pra onde ir? Por onde começar?-O desespero aumentava a cada batida de seu coração. Acelerado. As mãos escorriam, enquanto puxavam o já encharcado cabelo castanho claro.
Vozes, risadas, Dirceu já estava alucinando. Os papeis riam, gargalhavam. O relógio resmungava, menos, tempo, menos, tempo.
O sol já se pôs, as estrelas começam a brilhar. Ele abre a pequena fresta de vidro que o separa do salto que o levaria ao céu. O vento úmido da noite refrescava a câmara de torturasocioeconômica burocrática visceral.
Sentado, agora, tudo parecia mais claro. O pé apoiado na pequena área livre na mesa. A seda em uma mão, o recheio na outra. Tudo junto, agora, tudo tão óbvio. Tão óbvio quanto um mais um é igual a dois. Os papeis e o relógio agora calados, davam espaço aos pensamentos. Asas, imaginação, futuro, vida, arte, paz, liberdade.Liberdade.
Um grito corta o silêncio e junto com ele os pensamentos, é o telefone. Alô, chefe, FODA-SE.
O telefone, agora mudo, sobre a pilha de papeis. O relógio tenta voltar a falar.
Dirceu é mais rápido. Como a mãe passarinho, ele empurra o relógio pra fora do ninho.Pena que não pôde voar. Assim como os papéis, o telefone, sua caneta, a plaqueta com seu nome, sua cadeira.
A mesa era muito pesada para o tipo físico nada atlético de Dirceu. Sua pequena lixeira de metal finalmente lhe seria útil. O mesmo isqueiro que reacendia a ponta , ascendia também sua carteira e tudo que havia dentro dela. CPFRG , cartão de crédito, nota fiscal, um cartão de visitas do Bahamas, seu salário, ou pelo menos o que sobrou dele, e uma foto 3x4 de sua mãe.
Sozinho desde os quatro anos de idade. Sua mãe morrera. Seu pai nunca conheceu, Dirceu nada mais tinha a perder. Não queria mais perder. Não tinha mais vida, não tinha tempo pra amigos, muito menos pra namoradas.
Agora, livre, ele anda por ai, com um violão nas costas. De cidade em cidade. De estrada em estrada. Com uma ponta na bagagem, ele faz a sua história.